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A família Bórgia foi uma das mais influentes da história italiana. Nos séculos XV e XVI, essa dinastia nobre da região da Catalunha governou uma vasta área da Itália central, além de ocupar cargos importantes na corte papal. Entre os membros mais notórios dos Bórgia, estava Cesare Borgia, filho do papa Alexandre VI e de sua amante favorita, Vannozza dei Cattanei.

Cesare nasceu em Roma, no ano de 1475, e desde cedo manifestou interesse pelas artes, letras e, sobretudo, pela política. Seu pai, Rodrigo Bórgia, que ascendeu ao papado em 1492, nomeou Cesare como cardeal aos 18 anos de idade, o que lhe conferiu enorme prestígio e poder dentro da Igreja.

No entanto, Cesare não se contentou com o papel de clérigo e decidiu seguir a carreira militar. Em 1499, abandonou o hábito e se uniu à corte francesa, participando de diversas campanhas militares em nome do rei Luís XII. Sob sua liderança, as tropas francesas conquistaram diversas cidades do norte da Itália, o que lhe rendeu o apelido de o Valentão.

O prestígio de Cesare só cresceu a partir daí. Em 1501, seu pai o nomeou como duque de Valentinois, um feudo na região de Emília-Romanha, e em seguida como embaixador da Santa Sé na França. Cesare aproveitou suas conexões na corte francesa para negociar alianças com outros governantes italianos e ampliar a influência da família Bórgia.

No entanto, a ascensão de Cesare não foi isenta de escândalos e traições. Em 1497, seu irmão mais velho, Giovanni Borgia, foi assassinado em circunstâncias que nunca foram completamente esclarecidas. Suspeita-se que o próprio Cesare tenha ordenado o crime, para eliminar um rival em potencial.

Além disso, Cesare teve uma vida amorosa conturbada. Apesar de ser casado com Carlotta d'Aragona, ele teve diversos amantes ao longo de sua vida, inclusive a irmã de sua própria esposa, Sancha. O relacionamento incestuoso com Sancha acabou gerando um filho, que morreu pouco tempo depois do nascimento.

O auge da carreira de Cesare ocorreu entre 1502 e 1503, quando ele consolidou seu domínio sobre o centro da Itália, anexando territórios que antes pertenciam a outras famílias nobres. No entanto, sua ambição acabou por despertar a desconfiança de outros governantes, que se uniram para combatê-lo.

Em 1503, o papa Alexandre VI faleceu, deixando Cesare sem seu principal protetor. O novo pontífice, Júlio II, era um inimigo declarado dos Bórgia e não tardou em excomungar Cesare e seus irmãos, expulsando-os da corte papal.

Sem o apoio da Igreja, Cesare viu seus territórios serem invadidos e conquistados pelos exércitos inimigos. Ele acabou sendo capturado e encarcerado em Castel Sant'Angelo, onde passou vários anos até ser libertado pelo sucessor de Júlio II.

Cesare ainda tentou recuperar seu antigo poder, mas acabou sendo assassinado em 1507, numa emboscada organizada por um de seus antigos aliados. Seus feitos e seus escândalos fizeram dele uma figura controversa da história italiana, cujo legado ainda desperta a curiosidade de estudiosos e escritores até os dias de hoje.